quinta-feira, 19 de julho de 2012

Não era de chorar, não era de se permitir sentir tanto, mas era possível daquela vez? Estava cansada. Cansada de tantas vezes não esperar e mesmo assim ver que ali na sua frente as coisas viravam ar.Aquele poder que ela tinha de botar as mãos e fazer tudo virar ar.Queria só por alguns momentos entender das coisas mais insanas da terra, queria entender porque havia tanta gente no mundo, porque as pessoas se envolviam com coisas estranhas, porque o tempo parecia passar diferente. Queria entender porque saudade consumia os dias, porque o calor que um toque fazia era mais forte que o Sol, porque ser adulto não era nada do que parecia. Ela se sentia perdida, perdida.E era detestável não saber onde pisar, um poço no escuro cercado por areia movediça. Não era de termedo, e tinha.Não era de se perder, e onde estava?Onde estava a sua força interna que mandava ir adiante, onde estavam as respostas para todas as questões que ela sempre tivera, onde estava ela, a parte boa de tudo, a parte sólida e real e brilhante?Queria só parar.Só um instante, parar, chorar e descer, descer até a cama, até debaixo da cama, até debaixo de debaixo da cama, do cobertor, do céu, dela. Vai ver lá pra baixo iam tudo que procurava e ela encontrasse no fundo da caixa um bilhete avisando que passaria logo fosse noite, a noite vinha pra trazer claridade. Ou vai ver a noite só vinha pra que ela pudesse ao menos parar de ter que fechar os olhos pra seguir em frente, de noite não se enxerga no espelho o quão vermelho os olhos ficam quando se perdem.

Via Sucrilhos e Neuroses


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